
Entre livros e relíquias: Sebo do Jura encanta clientes em Umuarama
Loja na Avenida Rio Branco mais parece um minimuseu, onde memória e colecionismo se encontram [com vídeo]

Entrar no Sebo do Jura, em Umuarama, é mais do que buscar livros ou artigos de papelaria. É embarcar em uma viagem no tempo. O proprietário, Jurandir Ferreira, 76 anos, transformou o espaço em um verdadeiro minimuseu, com cores e cheiros característicos.
No estabelecimento, que oficialmente se chama Papelaria Jurandir, o novo e o velho conversam na simplicidade; cada prateleira guarda não apenas material escolar e de escritório, mas também histórias contadas por objetos antigos.
O passeio do olhar revela preciosidades: livros [às pencas], gibis [de Tarzan tem vários], revistas [com destaque para a Cinema, Playboy e Cruzeiro da década de 1940], discos de vinil [cerca de três mil], televisores e rádios.
Entre tantas outras relíquias que chamam a atenção, estão também cédulas e moedas antigas [do Brasil e exterior], filmadora Super8, gravador e fitas K7, sonatas e outros modelos de toca-discos; um deles, à manivela [modelo de 1889, segundo Jurandir].

Mas no Sebo do Jura muitos outros se sobressaem: máquinas de costura [tem várias], chaleiras e panelas de ferro, ferros de passar a brasa, máquinas de escrever, lampiões e moedores de café; tudo despertando lembranças e aguçando a curiosidade de quem nunca os viu de perto.
No Sebo do Jura, cada peça guarda uma história
Jurandir, sempre solícito, recebe os visitantes com entusiasmo, porque, para ele, o Sebo é mais do que um comércio: é um ponto de encontro da memória afetiva, onde passado e presente se unem em harmonia.
“Eu amo o que faço porque gosto de colecionar… Eu mais compro do que vendo“, comenta, rindo. “Este toca-discos, por exemplo [referindo-se ao de 1889], não vendo… Se vender, vou pedir R$ 10 mil, e R$ 10 mil ninguém paga, porque não é besta!”, brinca.
Considerando a importância do acervo, por preservar memórias de diferentes épocas, pode-se dizer que Sebo do Jura é também um ponto de referência cultural em Umuarama.
“O acervo desperta a curiosidade de jovens que nunca tiveram contato com muitos desses objetos expostos e, ao mesmo tempo, emociona aqueles que revivem lembranças da infância e da juventude; quem entra aqui, só elogia”, conta Jurandir.

Pouco lucro, muita paixão
Com anos de experiência no ramo [desde 1982, quando começou na Avenida Paraná], Jurandir reconhece que o negócio não gera grandes lucros. “São poucas pessoas que curtem essas coisas… A clientela é pequena, mas sempre existe”, assegura o colecionador.
Mesmo assim, segue confiante e feliz, fazendo o que gosta. “Praticamente estou pagando para trabalhar”, brinca, com sorriso no rosto, acrescentado que é formado em Direito e cantor, por hobby.
“Eu tenho OAB [registro profissional na Ordem dos Advogados do Brasil] e OMB [registro na Ordem dos Músicos do Brasil] … Poucos sabem o que é OMB… Tenho vários CDs gravados… Ah, e tenho um irmão poeta, que publicou dois livros”, orgulha-se.

Jurandir nasceu em Pernambuco [em Camocim de São Félix, cidade próxima de Recife], mas viveu a infância e juventude no Ceará [em Juazeiro do Norte]; saiu de lá com 20 anos, para São Paulo.
Em Umuarama, chegou em 1974. “Tenho 51 anos de Umuarama”, enfatiza, com os olhos brilhando. “Cheguei a voltar para o Ceará por uns anos, mas não me adaptei… Gosto mesmo é desta terra”, arremata.
==Serviço: O Sebo do Jura fica na Avenida Rio Branco, 3886 – whatsapp 44 9902-5910.









