
PP e União Brasil deixam governo Lula para buscar votos bolsonaristas, apontam analistas
A Federação PP e União Brasil reúne 109 deputados na Câmara, sendo a maior bancada da Casa


A saída do PP e União Brasil do governo Lula foi anunciada no mesmo dia em que começou o julgamento da trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). A medida é interpretada por analistas como uma estratégia para tentar herdar os votos fiéis do ex-presidente, que permanece com grande influência sobre eleitores da direita.
O cientista político João Feres Júnior, professor titular do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj), afirmou à Agência Brasil que os partidos buscam revitalização eleitoral por meio do bolsonarismo.
“A saída deles do governo visa colar no bolsonarismo. Bolsonaro é capaz de mobilizar uma quantidade imensa de votos e eleger candidatos desconhecidos, como fez em 2018 e 2022. Contudo, não haverá espaço para todos nessa competição”, destacou Feres.
A Federação PP e União Brasil reúne 109 deputados na Câmara, sendo a maior bancada da Casa. No Senado, conta com 14 parlamentares — seis do União Brasil e oito do Progressistas. A cientista política Michelle Fernandez, professora da Universidade de Brasília (UnB), observa que a decisão tem relação direta com a eleição geral de 2026.
“Alguns partidos solicitaram que seus parlamentares se desvinculassem do governo para compor a oposição no próximo processo eleitoral”, disse.
Ao anunciar a saída, a Federação afirmou que a decisão “representa um gesto de clareza e coerência, conforme exigem os eleitores brasileiros”. Foram cobradas, ainda, as saídas dos ministros Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte). Por outro lado, Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, reforçou que os integrantes que permanecerem devem apoiar a aprovação de pautas governamentais no Congresso.
Segundo Feres, a medida também se relaciona com o caminho que a direita deverá tomar sem Bolsonaro. “Com ele saindo da cena política, a competição interna aumenta e a corrida pelos eleitores bolsonaristas se intensifica”, afirmou. A disputa se reflete ainda no apoio ao projeto de anistia aos condenados pela tentativa de golpe, estratégia que busca organizar o campo da direita.
Michelle Fernandez acrescenta que movimentos como os do governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos, pressionando pela anistia, fazem parte dessa tentativa de consolidar votos bolsonaristas, ainda mais com a indefinição sobre candidaturas em 2026.
(OBemdito com informações Agência Brasil)
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