Cresce o número de motoristas mulheres que ganham a vida atrás do volante

No estado mais populoso do país, o número de mulheres que estão ganhando a vida atrás do volante representa 23% do total de motoristas habilitados. Grande parte delas, cerca de 17,54%, exercem atividades remuneradas de transporte e trabalham para empresas ou pelo serviço de aplicativo. Em Umuarama, muitas mulheres ganham a vida atrás do volante.

É o caso da motorista Cintia Azevedo, que há quatro anos dedica seu tempo integral a profissão de motorista particular exclusivamente para mulheres. “Comecei como mototaxista e um ano e meio depois comprei um carro e hoje ganho minha vida assim, fazendo corridas (viagens) para cidades da região, aeroportos, hotéis, onde for preciso”, conta a motorista.

Cintia fala com muito orgulho da profissão e lembra com bom humor das histórias que coleciona na rotina diária do trabalho. Teve até passageiro metido a engraçadinho que acabou indo embora a pé.

“Uma vez trouxe uma passageira que insistiu para que trouxesse um homem junto com ela, como costumo levar somente mulheres, abri uma exceção porque os dois estavam acompanhados. De repente, ele insistiu em uma brincadeira sem graça, dizendo: mulher no volante, perigo constante. Parei o carro e pedi gentilmente que ele saísse. Ela ficou no carro e a levei para casa”, recorda Azevedo.

A motorista ainda revela que tem metas mais arrojadas para este ano. “Graças a Deus, Umuarama tem sido uma cidade acolhedora comigo e percebi que existe uma demanda. Cada vez que faço uma corrida já tem mais mulheres esperando. Pensando nisso, estou analisando o desenvolvimento de um aplicativo voltado somente para o público feminino”, comenta.

Outro levantamento feito pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), revela que o Brasil contava com 25,8 milhões de motoristas mulheres até março de 2021, o equivalente a 35% do total de CNHs válidas no país.

Na Auto Escola Umuarama, empresa com 52 anos de mercado, o proprietário Aurélio Polli Cassiano percebeu o aumento de mulheres a procura de habilitação. “Os homens continuam sendo maioria, lógico, no entanto, a cada dez pedidos de CNH´s 40% são mulheres. Tem mulher habilitada na categoria D (ônibus, micro-ônibus e vans), algo que era raro”, mencionou Cassiano.

Ilda Silva da Rocha, de 39 anos, alcançou o sonho de dirigir ônibus em maio do ano passado. Habilitada desde 2009, ela começou dirigindo o carro da ex-patroa e a cada viagem, ela sentenciava: “Vou fazer carteira para ônibus e vou pegar a estrada porque amo dirigir”.

Foram dois anos esperando uma vaga até surgir a oportunidade na empresa de transporte Expresso Fátima, de Umuarama. Em março, Ilda foi transferida para Assis Chateaubriand e segue firme na direção. “É aqui que passo a maior parte do tempo, aqui que faço amizades, me divirto e ganho meu sustento. Me sinto realizada profissionalmente”, resumiu Hilda.

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