Jaqueline Mocellin Publisher do OBemdito

Karol Dias: a tatuadora de Umuarama que esbanja talento em São Paulo

Karol é uma daquelas profissionais que mostram que estúdio é sim lugar de mulher

Karol Dias é tatuadora há 8 anos / Fotos: acervo pessoal
Karol Dias: a tatuadora de Umuarama que esbanja talento em São Paulo
Jaqueline Mocellin - OBemdito
Publicado em 2 de maio de 2022 às 21h05 - Modificado em 22 de maio de 2025 às 07h44

Karol Dias, 31 anos, é daquelas pessoas focadas, que tem necessidade de aprender e se especializar cada vez mais. Nascida em Umuarama, há 5 anos se mudou para São Paulo para trabalhar e esbanjar talento.

A tatuadora atua neste ramo há 8 anos e já passou por alguns grandes estúdios de SP. Atualmente trabalha no Hideout Tattoo, um estúdio privado com uma equipe muito renomada. “Me sinto honrada por estar entre eles trocando tanto aprendizado”, disse a profissional em entrevista ao site OBemdito.

Karol conta que a tatuagem surgiu quase naturalmente em sua vida. Ela gostava de desenhar, mas não sabia como usar isso profissionalmente. Depois de fazer a primeira tatuagem teve vontade de aprender e foi evoluindo na área. “Não me imagino fazendo outra coisa”, comentou.

Ela faz parte de um momento em que as tatuadoras estão em maior ascensão e destaque neste mercado, que antes era dominado pelos homens. Karol é uma daquelas profissionais que mostram que estúdio é sim lugar de mulher. Tanto no comando das máquinas e traços, como sendo ‘rabiscadas’.

No caso da tatuadora, a maior parte da clientela é formada pelo público feminino, que aprecia muito seu estilo, composto principalmente por trabalhos em floral, botânica e blackwork – tudo autoral. É possível acompanhar os trabalhos dela no Instagram: @karoldiastattooist.

Confira abaixo a entrevista super especial com Karol Dias:

Como surgiu a ideia se ser tatuadora?

A ideia de ser tatuadora surgiu com 23 anos, quando chegou o momento de escolher minha possível carreira. Eu tinha meia bolsa em uma universidade (Unipar), até cogitei iniciar algum curso, mas nada me interessou profundamente. Nada me brilhava os olhos como a arte. Eu sempre desenhei, tive uma grande inspiração em casa que é minha mãe que pintava tecidos e quadros. Desde criança tive contato com a arte. Então eu decidi que iria começar a tatuar, foi bem natural pra mim.

Ser uma mulher tatuadora e tatuada em cidade pequena foi complicado?

Com certeza, ser mulher em qualquer lugar requer um esforço dobrado, né? O nosso caminho precisa de um pouco mais de batalha, mas isso nunca me fez parar nem sequer pra pensar em desistir. Hoje finalmente conquistei meu espaço na tattoo e continuo em busca de mais crescimento.

As mulheres estão chegando com muita força na tattoo e eu tenho orgulho de estar nessa história.

Como funciona seu processo criativo?

Meu processo criativo é muito leve e simples. Eu considero a anatomia e particularidade de cada cliente e do espaço a ser tatuado, escuto o cliente e dou muito espaço e liberdade para essa conversa sobre a ideia para entender todos os detalhes e significado. Faço o esboço junto com o cliente e acho fundamental essa parte, o dono da tattoo participa de todo o processo…

Existe um tipo preferido de tatuagem?

No meu caso, como já tenho um estilo de tattoo a procura geralmente é por isso. As minhas tattoos são autorais e exclusivas, no geral eu faço muito floral, botânica e blackwork. Eu sempre tento pegar a ideia do cliente e trazer pro meu estilo. Tenho uma assistente que faz todo o atendimento primário, então ali já sabemos o que se encaixa no meu estilo. E o que não se encaixa é encaminhado para outro tatuador.

Em média, quantos trabalhos você faz por mês? Um agendamento contigo demora em média quanto tempo?

Eu atendo 1 ou 2 clientes por dia. No fim, são em torno de 40 clientes por mês. Atualmente a espera pelo agendamento está em média de 7 a 8 meses

Como funciona a rotina de uma tatuadora em uma cidade grande?

Correria sempre. Eu atendo 5 dias na semana. Então estou sempre tatuando, desenhando ou produzindo algo. Quando não estou trabalhando, tento resolver coisas pessoais do dia a dia e estudo muito, então a rotina é puxada… São Paulo é um lugar incrível, exige demais no cotidiano, mas eu não trocaria por nada. Sou muito grata por tudo que conquistei aqui.

Você define que tem um estilo próprio? Qual é este estilo? Como funciona a busca por um estilo próprio?

Sim, hoje 8 anos depois do início eu acredito que consegui criar uma identidade. Meu estilo é uma mistura. Eu tento tirar o melhor aos meus olhos de cada estilo, juntar tudo e no fim sai o meu resultado: uma mistura de alguns estilos que resulta no meu. Não fico presa em uma única possibilidade, sempre tento procurar o que pode melhorar.

Quais são suas referências no ramo da tatuagem ou em outros ramos que te inspiram?

Tenho muitas referências: Tritoan Ly, Kat Von D, Kubrick Ho, Frida kahlo, etc…

Costuma acompanhar as tendências mundiais?

Eu procuro sempre me atualizar e acompanhar tudo de novo que surge no mundo da tattoo, mas não necessariamente implantar isso no meu trabalho. Não acredito na tattoo como uma tendência e tento passar isso para minhas clientes. Prefiro a ideia do atemporal porque é pra sempre.

Você tem algum tipo de ritual antes de iniciar uma tatuagem?

Café tomado e só, nada de cerimônias e rituais.

Normalmente os clientes já chegam sabendo o que irão tatuar ou há muitos indecisos?

Geralmente os meus vem bem decididos, sempre surge alguma dúvida ou nova possibilidade ali na hora, mas tudo muito simples de resolver.

Você definiria o trabalho de um tatuador como de um artista?

Sim, sem dúvida.

Como é a Karol fora do estúdio? Tem hobbies, rotinas?

Fora do estúdio eu sou exatamente a mesma pessoa, não existe diferença, eu amo tanto tatuar que isso se fundiu no meu dia a dia e é tudo uma coisa só. Fora do estúdio eu passo tempo com meu marido, meus cachorros, autocuidado, um pouco de lazer, mas a cabeça está sempre inventando alguma coisa.

Você já participou de congressos, encontros ou outros eventos da categoria. Chegou a participar de competições?

Sim já participei. Um deles foi o Tattooweek uma convenção internacional de tatuagem que acontece em São Paulo uma vez por ano. Ganhei em primeiro lugar na categoria Blackwork em 2018.

Quais são seus planos para o futuro? Onde você se vê profissionalmente?

Não sei onde vou estar no futuro, estou sempre aberta a novas oportunidades e aventuras, mas independente do lugar estarei tatuando, não me imagino fazendo outra coisa na vida, meu plano é conhecer o mundo e levar meu trabalho por aí, vamos ver o que a vida me reserva.

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