
Câmara recebe pedido de cassação do mandato do vereador Ronaldo Cardoso
Documento foi protocolado no início da tarde por Estefano Demczuk, que no ano passado também denunciou o prefeito Celso Pozzobom


O médico veterinário Estefano Demczuk apresentou pedido de cassação do vereador Ronaldo Cruz Cardoso (PROS). O documento foi protocolado na secretaria da Câmara de Umuarama às 14h30 desta quinta-feira (26) e baseia-se em indícios de que o vereador tenha cometido os crimes de concussão e corrupção passiva no caso do loteamento de terrenos comerciais.
O procurador jurídico da Câmara, Diemerson Castilho, afirmou que há dois tipos de procedimentos cabíveis para este tipo de denúncia. Pode ser aplicado o Código de Ética da Casa ou o decreto federal 201/67. A decisão do trâmite a ser seguido dependerá do conteúdo da denúncia, conforme Castilho. O decreto foi utilizado na cassação do prefeito Celso Pozzobom, em janeiro.
Ronaldo é suspeito de ter pedido dinheiro a um empresário para viabilizar a aprovação de um projeto de lei de zoneamento, que liberaria o loteamento para comercialização. O vereador teria pedido dois terrenos, avaliados em cerca de R$ 500 mil, e R$ 30 mil em espécie, para acelerar o trâmite na comissão de Justiça e Redação, da qual é presidente no Legislativo.
O empresário teria procurado cinco vereadores para denunciar a ilegalidade cometida por Ronaldo Cardoso. Um dos vereadores, João Paulo Maciel de Oliveira, o Sorrisal, gravou a fala de Vitor Hugo Gaiari Rojas e apresentou o áudio na sessão ordinária do dia 9 de maio último.
O Ministério Público abriu investigação para apurar a denúncia, formalizada pelos vereadores Sorrisal, Ana Novais e Edinei do Esporte. Neste quarta-feira (25) o promotor de justiça Fábio Hideki Nakanishi ouviu o empresário e o sócio dele, bem como o vereador Ronaldo Cardoso, entre outras pessoas.
Nakanishi disse que o processo corre em segredo de justiça e que, para não atrapalhar o a produção de novas provas, não poderia revelar o teor das oitivas. Uma fonte próxima do empresário, porém, informou a OBemdito que Vitor Hugo confirmou o pedido de propina feito pelo Ronaldo Cardoso.
Outras pessoas citadas na gravação que Vitor Hugo fez com o ex-diretor da Prefeitura Valdecir Pascoal Mulato, o Pai Herói, também serão ouvidas pelo promotor. Entre elas está o presidente da Câmara, Fernando Galmassi.
Pai Heroi foi exonerado da pasta de Articulação e Mobilização da Comunidade assim que o nome dele surgiu nas denúncias. Em conversa com Vitor Hugo, gravada pelo próprio empresário, Pai Herói cita Galmassi por estar “travando” a inclusão do projeto de lei na pauta do plenário.
“Tá tudo certo. Sabe o que tá acontecendo? O Fernando (Galmassi) tá achando que você tá dando alguma coisa para outro vereador. Aí fica travando. (…) Aí ontem ele tava lá falando merda, falou pro cara lá: ‘Acha que eu sou trouxa? Nego lá comendo bisteca, não dá nem um pedacinho pra mim”, disse Pai Heroi.
O ex-diretor também foi intimado para depor nesta quinta-feira no MP, mas não compareceu, sem alegar justificativa. O promotor Nakanishi informou que vai intimá-lo novamente e, em caso de ausência, para pedir sua condução coercitiva.