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Cachês milionários de sertanejos com prefeituras viram alvo após polêmica sobre tatuagem de Anitta

Zé Neto, dupla de Cristiano, é conhecido por algo mais que o talento musical. E não se trata da foto […]

Cachês milionários de sertanejos com prefeituras viram alvo após polêmica sobre tatuagem de Anitta
LEONARDO REVESSO - OBemdito
Publicado em 29 de maio de 2022 às 20h13 - Modificado em 22 de maio de 2025 às 05h53

Zé Neto, dupla de Cristiano, é conhecido por algo mais que o talento musical. E não se trata da foto da sunga. Nada disso. Estamos falando dos gracejos escalafobéticos que ele costuma soltar no palco e nas redes sociais.

No dia 12 de maio Zé Neto dividia o palco com o parceiro em Sorriso, no Mato Grosso, quando deu uma alfinetada em Anitta. “Nós somos artistas que não dependemos da Lei Rouanet. O nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no toba para mostrar se a gente está bem ou não. A gente simplesmente vem aqui e canta, e o Brasil inteiro canta com a gente”.

Depois da repercussão do palavreado, o intérprete de ‘Minha vontade de te amar’ pediu desculpas à Poderosa e disse que pretendia apenas mostrar o lado de quem vive na roça. “Acho que a gente é livre pra escolher o que quiser. Cada um tem o seu ponto de vista”, afirmou.

O que o cantor jamais poderia pensar é que sua fala abriria brecha para seus colegas do sertanejo serem investigados pelo Ministério Público devido aos cachês que cobram de órgãos públicos para se apresentarem em pequenas cidades do Brasil, como dificuldade de manter as contas em dia.

Se tivesse apenas se referido à tatuagem inusitada de Anitta, talvez o assunto já estivesse encerrado. A questão é a referência à polêmica lei Rouanet. Diante de toda a repercussão que a história gerou, tornou-se evidente o questionamento sobre os valores milionários cobrados pelos sertanejos em seus shows.

O Ministério Público aponta que alguns desses pagamentos são realizados a partir de critérios mais brandos que os da Lei Rouanet, criticada por Zé Neto, o que fez a situação ganhar novas proporções e atingir outros artistas, como apontou o site Na Telinha.

Gusttavo Lima vira alvo preferido de questionamentos

Gusttavo Lima está entre os alvos preferidos dos questionamentos. O contrato do Embaixador com a Prefeitura de São Luiz, em Roraima, deu o que falar. A cidade tem apenas 8.232 habitantes e o cachê recebido pelo cantor seria de R$ 800 mil. É como se cada morador pagasse R$ 100 pelo show, em dinheiro que saiu dos cofres públicos.

O Ministério Público de Roraima abriu procedimento e quer saber de onde sairiam os recursos para bancar o show e se haverá algum retorno para o município, que não é local turístico. Outros artistas, como César Menotti e Fabiano foram anunciados como atrações da mesma vaquejada que, ao todo, está orçada em R$ 3 milhões.

Contratos de Gusttavo Lima também estão sendo investigados em Magé, no Rio de Janeiro, e Conceição do Mato Dentro, cidade de 17 mil habitantes no interior de Minas Gerais.

O prefeito da cidade mineira suspendeu o show do artista, orçado em R$ 1,2 milhão. O dinheiro seria pago integralmente com recurso destinado à saúde e à educação, através da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM).

A contra-gosto, o prefeito também suspendeu a apresentação de Bruno e Marrone, que receberiam R$ 520 mil. Os shows compunham a agenda artística da 32ª Cavalgada do Jubileu do Senhor Bom Jesus do Matozinhos.

De acordo com o portal da transparência, Gusttavo Lima já recebeu metade do cachê. A outra parte seria quitada em 15 de junho.

Sérgio Reis defende contratos com prefeituras

O cantor e ex-deputado federal Sérgio Reis tenta explicar a contratação de sertanejos pelas pequenas prefeituras e diz que esse dinheiro não é como o da Lei Rouanet.

“Uma prefeitura precisa levar lazer para o povo da cidade. Então, meu amigo, se tem uma festa, qual é o problema de ela ter artistas? Com a Prefeitura você tem que dar o dossiê da sua empresa, dar nota fiscal, normal”, justificou ele em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

E acrescentou: “O prefeito tem que levar alegria para o povo. O que há? O prefeito ajuda o comércio local. Uma festa gira dinheiro para o pipoqueiro, o pobre que vende algodão doce, a dona de casa que faz doce caseiro e vende na banquinha da festa”.

A tag #CPIdoSertanejo chegou a figurar entre os assuntos mais comentados nas redes sociais na última quinta-feira (26). Os internautas pedem a investigação do uso de dinheiro público para a contratação de shows por prefeituras no interior do Brasil.

(Com informações do Na Telinha)

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