Umuarama, a locomotiva do Noroeste que precisa olhar à frente para não sair dos trilhos

Não é todo dia que um prefeito ouve de um governador que sua cidade é a máquina que puxa o desenvolvimento de toda uma grande região. Também não é tão comum, mesmo que às vésperas de uma campanha eleitoral, que tal afirmação se dê diante de vários prefeitos e prefeitas, deputados estaduais e federais, lideranças regionais, ou seja, num evento de repercussão estadual.

Pois foi exatamente o que ocorreu, no dia 1º. de julho, quando o governador Carlos Massa Ratinho Junior veio a Umuarama para entregar 25 quilômetros pavimentados para Estrada Boiadeira, entre Icaraíma e o distrito de Santa Eliza.

Ao relacionar investimentos do seu governo na região, Ratinho Junior destacou aqueles feitos em Umuarama, em obras que beneficiarão vários outros municípios.

Ao falar da duplicação do trecho da PR-323, na nossa área urbana, da decisão de investir na Estrada Boiadeira os recursos resultantes de parceria inédita fechada com a Itaipu para concluir o trecho que atende as necessidades da Amerios na área de transporte rodoviário, ele destacou o processo de instalação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE).

Nesse momento do seu discurso, o governador disse que vários municípios paranaenses pleiteavam esse investimento, mas que ele preferiu escolher Umuarama pelo desempenho da cidade em termos de desenvolvimento.

 “Umuarama é a locomotiva do desenvolvimento do Noroeste”, disse Ratinho Junior, olhando para o prefeito Hermes Pimentel, cujo rosto corou de satisfação diante de vários de seus pares da região, inclusive o presidente da Amerios, Marcos Alex de Oliveira, do ex-prefeito e ex-deputado Fernando Scanavaca e de outras autoridades e lideranças.

Nesse ponto do pretenso comentário que faço, mudo o rumo da prosa para chamar a atenção da sociedade de Umuarama (de cabo a rabo: do trabalhador, do desempregado, da dona de casa, do professorado, do empresário, das lideranças sociais e classistas, enfim, de todos) para um aspecto fundamental da fala do Ratinho Junior: ele destacava a importância de Umuarama não apenas no contexto regional, mas na geopolítica do Estado.

Será que precisamos que a autoridade máxima do Paraná venha aqui para nos dizer que nossa cidade é a mola propulsora do desenvolvimento regional? Ou, então, o que a nossa dita sociedade faz para evidenciar cada vez mais essa liderança que é reconhecida por quem nos observa de uma posição privilegiada?

Precisamos falar de política, pois é um processo político que pode garantir a Umuarama um permanente de desenvolvimento. Concorde-se com a avaliação de Ratinho Junior, mas estamos empenhados em garantir essa posição?

Fazemos o que nos cabe, enquanto sociedade, para criar um ritmo acelerado de crescimento que beneficie os mais diferentes segmentos da economia local e regional? E isso é discutir política.

Estamos diante de mais uma eleição que irá escolher, entre outros cargos, nossos deputados estaduais e federais, e não se ouve um debate político da altura da nossa representatividade no plano estadual ou nacional.

Estamos vivendo um vácuo de lideranças com a estatura que nossa história merece. Nos parece haver uma omissão da sociedade nessa discussão. As poucas iniciativas ainda são absolutamente tímidas e, observa-se, eletivas.

Verdadeiras lideranças surgem de qualquer segmento ou extrato social. A política, na sua essência, não exclui; ao contrário, abriga no seu bojo todos os pensamentos e comportamentos, por mais divergentes que sejam, independente do que é chamado de classe social.

Umuarama, maior colégio eleitoral e a locomotiva que conduz o desenvolvimento regional, bate cabeça no aspecto político. Vejamos: temos hoje um deputado estadual com domicílio eleitoral aqui, que é o Delegado Fernando Martins.

Temos um deputado federal em fim de carreira, que chegou a ser o expoente do nosso quadro político, o dr. Osmar Serraglio, que manifesta desinteresse em tentar a reeleição. E temos outro federal, o Zeca Dirceu, que é de Cruzeiro do Oeste, mas diz que é daqui. 

Nos últimos anos, além do delegado Fernando, o que surgiu? Celso Pozzobom, que se elegeu prefeito pela primeira vez em 2016 se reelegeu em 2020 e acabou escorregando feio, sendo afastado, primeiro pela Justiça e, em seguida, num processo político, pela Câmara de Vereadores.

Com a saída da cena política de Fernando Scanavaca e Moacir Silva, além de outros de menor representatividade eleitoral, Celso Pozzobom encarnava a nova figura do cenário político, do grande realizador. Roubou o sonho dos seus eleitores ao adentrar a Prefeitura sob escolta policial. E acabou por frustrar a esperança dos que ainda acreditavam que valia a pena fazer política. 

E a sociedade precisa fechar essas feridas, para olhar para a frente, pois nosso município é muito maior do que os desvios morais daqueles que um dia mereceram nosso crédito e foram depositários de nossas crenças.

Hoje, Umuarama encontra-se, administrativamente falando, nas mãos de uma pessoa absolutamente simples, às vezes ainda surpresa diante de tamanha responsabilidade, porém muito, mas muito consciente do que tem que ser feito.

Não nega que aprende, e dá exemplos de um esforço permanente em busca de fazer o melhor trabalho. Estamos nos referindo, claro, ao prefeito Hermes Pimentel da Silva. De vice-prefeito, viu-se catapultado ao cargo máximo do Poder Executivo municipal com o duplo afastamento do titular.

Pode ser – o tempo dirá – que estejamos assistindo ao surgimento de uma nova liderança política local. Pode, hoje, não vender essa imagem, mas não esqueçam que a verdadeira liderança é conquistada, e não imposta. Essa pode ser a grande diferença. Ou mudança.

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Valdir Miranda de Souza é radialista, jornalista, atualmente Secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Umuarama.

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