Ítalo Fábio Casciola Publisher do OBemdito

Italo: O que vai ser da velha rodoviária de Umuarama, ‘disco voador que deixou de voar’

Mais de 300 mil pessoas passaram pelo novo terminal nos últimos meses. Já o antigão...

(FOTO: CAIO PERES)
Italo: O que vai ser da velha rodoviária de Umuarama, ‘disco voador que deixou de voar’
Ítalo Fábio Casciola - OBemdito
Publicado em 11 de julho de 2022 às 12h25 - Modificado em 22 de maio de 2025 às 03h06

Um assunto que está em evidência em Umuarama é o vazio que se tornou a velha estação rodoviária, após a inauguração do moderníssimo terminal situado no Alto da Paraná, construído obedecendo as mais arrojadas linhas arquitetônicas.

Inclusive, na semana passada, a Prefeitura anunciou que mais de 300 mil pessoas passaram por ela, seja embarcando ou desembarcando, neste primeiro semestre de 2022. São multidões de gente que vem e que vai, seja de dia, seja de noite…

Enquanto isso, a antigona agora vive numa bolha de melancolia e esquecimento, pois perdeu completamente sua utilidade. E, inclusive aqueles que nem sequer falam nela porque há muito tempo conquistou e manteve a triste fama de ser um dos lugares mais temidos da nossa geografia urbana, constante personagem da crônica policial pelos incontáveis casos que prefiro nem mencionar.

Mas, vale lembrar que o prefeito Hermes Pimentel há pouco tempo revelou que o antigo prédio da rodô pode ser demolido para dar espaço à construção de prédios (duas torres).

Não disse para quando está prevista essa demolição, mas adiantou que a Prefeitura está trabalhando numa parceria público-privada que decidirá o que será feito no amplo imóvel, situado em valiosa área nobre da região central, a apenas dois quarteirões da Praça Santos Dumont.

Repercussão na internet

Diante de tanto suspense, a surpreendente revelação feita pelo prefeito Hermes Pimentel continua repercutindo fortemente nas redes sociais: os umuaramenses estão curiosos para saber detalhes desse empreendimento imobiliário.

A absoluta maioria elogiou a ideia da retirada definitiva daquele antigo prédio circular: “Que notícia boa!”. “Esse é um sonho de muita gente”. “Até que enfim alguém criou coragem para decidir essa questão”. “Antes tarde do que nunca, nós que moramos perto apoiamos e aplaudimos essa ideia!”. E muito mais comentários…

Mais de meio século de história…

Essa rodoviária começou a funcionar em 1970, ou seja, há mais de meio século… Isso mesmo: mais de 50 anos! Eram os tempos áureos da cafeicultura, dinheiro jorrando e circulando aos montes por todos os lados.

E nesse passado já muito distante ela era um ponto turístico admirado pela população umuaramense. Moderníssima para a época, seu formato arquitetônico provocava elogios e admiração das pessoas que visitavam a Capital da Amizade.

Lembro de uma reportagem que fiz sobre a estação quando, como forma de ilustrar e ‘enfeitar’ o texto, escrevi que ela, vista do alto do céu, parecia um disco voador…

Mas nos últimos vinte anos essa opinião mudou radicalmente. Isso porque a rodoviária passou a ser frequentada por drogados e encrenqueiros. Para piorar ainda mais o cenário, a vizinha Praça da Bíblia e o Terminal Urbano também viraram pontos com altos registros de ocorrências policiais da cidade.

A hoje ultrapassada rodoviária e os arredores volta e meia são citados nas reportagens policiais como ‘Cracolândia’. Casos de brigas, furtos e prostituição passaram a ser rotineiros.

Isso tem sido altamente prejudicial para o comércio (muitas lojas fecharam!) situado nas proximidades e para quem passa pelas imediações para ir ao centro estudar e trabalhar. A mesma opinião é ouvida de quem chega de viagem de outras cidades a Umuarama.

Conversa antiga: blá, blá, blá

Desde que começou a construção do majestoso terminal rodoviário do Alto da Paraná, há dez anos, muito se comentou sobre o futuro da velha rodô depois que aquela obra monumental estivesse pronta e funcionando.

Inventaram todo tipo de histórias e estórias: ali seriam instalados o Camelódro; ou, ali passaria a funcionar um grande mercado municipal tipo daqueles que existem nas grandes cidades; ou, o terminal urbano se mudaria para aquele prédio redondo… E blá blá blá… O tempo passa, o tempo voa… E finalmente aconteceu o que estava previsto: hoje a histórica rodô está quase vazia.

E vai ficar pior se ninguém fizer nada para mudar esse cenário delapidado. O anúncio da construção de prédios naquele local também teve outro tipo de repercussão nas redes sociais: muita, mas muuuita gente, não acredita que vá acontecer “esse milagre” (palavras de internautas).

E mais: “Acredito não, vai ficar cada dia pior…”. Ou, “Quem vai investir fortunas nessa construção de edifícios? (construir hoje é caro, incrivelmente caro!)”. “Se isso acontecer, Umuarama inteira vai comemorar!”. “É só mais uma promessa!”.

História da cidade

E assim segue a vida, e assim continua a História de Umuarama, uma metrópole que muda a cada dia que passa, que se agiganta e, pelo visto, nem a pandemia conseguiu parar. Vamos assistir de camarote para ver o que acontece com mais esse ‘monumento’…

Mas, um dia cai, assim como caíram muitos outros do passado. Eu que cheguei aqui na minha infância, hoje ando pela cidade e constato que nada (ou quase nada…) sobrou da fase da fundação e colonização da Capital da Amizade.

A geração capitalista, os caciques do dinheiro e os modernistas não se importam nem um pouco com isso, querem tudo novo, moderno, bonito, arquitetura arrojada. E para os jovens, ver o passado só nos álbuns de fotografias antigas e nas páginas de livros nas aulas de História na escola.

Essa é a realidade… Falei!

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* ITALO FÁBIO CASCIOLA é um dos mais experientes jornalistas do Paraná, está à frente do Portal Coluna Ítalo e escreve para OBemdito.

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