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42 anos depois, Domingas se emociona no reencontro com as raízes em Alto Paraíso

Domingas de Souza Lima saiu de Vila Alta (hoje Alto Paraíso) há 42 anos para tentar uma vida melhor em […]

42 anos depois, Domingas se emociona no reencontro com as raízes em Alto Paraíso
Leonardo Revesso - OBemdito
Publicado em 17 de julho de 2022 às 21h18 - Modificado em 22 de maio de 2025 às 02h42

Domingas de Souza Lima saiu de Vila Alta (hoje Alto Paraíso) há 42 anos para tentar uma vida melhor em São Paulo. O então distrito de Umuarama não oferecia muitas oportunidades de trabalho. Mas Domingas nunca abandonou as memórias do lugar em que viveu a infância, a adolescência e o início da juventude.

Isso ficou claro no reencontro com a cidade, realizado na tarde deste sábado (16. Dentro do carro, Domingas não escondia a ansiedade. Enfim, o momento tão esperado, aconteceu. “Aqui era a Loja Líder”, aponta ela para o local onde hoje funciona outro comércio.

Poucos metros depois e estamos no antigo Cine Vila Alta. A emoção que estava represada durante tantos anos dentro de Domingas explode num misto de lágrimas e sorrisos. A cena é emocionante. A ex-empregada doméstica se lembra da “multidão” para assistir os filmes em cartaz.

“A gente trabalhava e guardava uma parte do dinheiro para comprar a entrada. Na Semana Santa, era gente que não acabava mais, para assistir a Paixão de Cristo. Tinha um auto-falante que anunciava a programação. Que saudade, meu Deus”, diz Domingas, que hoje tem 65 anos.

Domingas em frente ao antigo Cine Vila Alta: “era muita gente”

O passeio continua. A serraria já não existe mais. O posto de gasolina na saída para Icaraíma ficou só memória. Aliás, muitos prédios de quatro décadas atrás deram lugar a obras mais modernas. Vazios urbanos foram preenchidos. A praça foi totalmente revitalizada. A Igreja Matriz parece bem maior.

“Quando saí daqui não tinha nada de asfalto. Nada mesmo. O caminho até Umuarama era de terra. Um poeirão danado. Olha como está hoje. Tudo bonito”, afirma.

A ex-moradora na escadaria da Igreja Matriz

Domingas sai então para encontrar alguns conhecidos. Foram quase três horas de buscas. Alguns já faleceram. Outros se mudaram. “Mas eu vou continuar tentando localizar as pessoas da minha época”. De forma aleatória, ela cita nomes como Lindalva de Araújo, Joaquim Português, Maninho, Tereza e Abdias Aleixo (este já falecido, pelo que apurou).

A mãe Domingas, dona Otília Teixeira da Silva, ainda permaneceu na antiga Vila Alta por mais quatro anos depois da partida dos filhos. Também chegou a ir para São Paulo, mas não se adaptou na cidade grande. Decidiu então viver em Vitória da Conquistas, interior baiano. Lá faleceu há 11 anos.

Casada, mãe de duas filhas e avó do Lucas, Domingas é pura gratidão. Ela se lembra com carinho da mulher que lhe deu o primeiro emprego, dona Cida, esposa do senhor Juvenal Vieira Costa. “Trabalhei com eles vários anos. Era tratada como uma pessoa da família. Tenho amor pela dona Cida”.

Dona Cida faleceu no ano passado, em Porto Velho, Rondônia, vítima da Covid.

Domingas também trabalhou na venda de passagens e de sorvetes, no lugar que hoje é o Bar do Ponto. “Estou vivendo um sonho em poder voltar aqui. É uma felicidade que não dá para explicar. Foi muito bom esse reencontro com a minha origem, que eu nunca vou esquecer”.

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