
Embalsamamento moderno: entenda procedimento usado no corpo do Papa Francisco
A preservação do corpo durante esse período prolongado é garantida por uma técnica moderna que o Vaticano adotou oficialmente em 1914


Antes de ser levado ao público, o corpo do Papa ficou na capela da residência de Santa Marta. A exposição ao público começa nesta quarta-feira (23), com o caixão sendo colocado na Basílica de São Pedro, onde permanecerá até a noite de sexta-feira (25), permitindo que milhares de fiéis prestem suas últimas homenagens. A preservação do corpo durante esse período prolongado é garantida por uma técnica moderna que o Vaticano adotou oficialmente em 1914, com o Papa Pio X sendo o primeiro a passar pelo procedimento.
Esse método envolve a abertura das veias do pescoço ou da virilha para drenar o sangue e injetar uma solução composta por formal, álcool, água e corantes. Essas substâncias impedem a ação de bactérias e retardam o processo de decomposição, permitindo a exposição pública sem sinais visíveis de deterioração.
O método atual foi adotado de forma definitiva após um incidente em 1958, durante a preparação do corpo do Papa Pio XII. Na época, o médico Riccardo Galeazzi-Lisi alegou ter utilizado uma técnica semelhante àquela usada, segundo ele, para preservar o corpo de Jesus. O procedimento envolveu o uso de um saco plástico com ervas e óleos, o que, em vez de conservar, acelerou a decomposição e provocou odores tão fortes que os guardas do Vaticano precisaram se revezar a cada 15 minutos para permanecer próximos ao caixão.
Desde 1903, com a morte do Papa Leão XIII, deixou-se de retirar os órgãos dos pontífices, prática anteriormente comum com o intuito de guardar partes do corpo como relíquias religiosas. A diretriz atual é manter o corpo do Santo Padre intacto.
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Últimos momentos
Na madrugada de segunda-feira (21), o Papa Francisco faleceu aos 88 anos, vítima de um acidente vascular cerebral. O pontífice argentino Jorge Mario Bergoglio estava na residência de Santa Marta, no Vaticano, onde morava desde sua eleição em 2013. A morte ocorreu quase um mês após uma prolongada hospitalização por problemas respiratórios.
Mesmo com a saúde debilitada, Francisco manteve-se próximo dos fiéis até seus últimos dias. No domingo anterior à sua morte, data da Páscoa, ele decidiu saudar o público na Praça de São Pedro a bordo do papamóvel, logo após a tradicional bênção “urbi et orbi” (à cidade e ao mundo).
“Obrigado por me trazer de volta à praça”, disse ao enfermeiro pessoal, Massimiliano Strappeti, segundo o Vatican News.
Funeral e homenagens
O funeral de Francisco está marcado para sábado (26), às 10h (5h de Brasília), na Praça de São Pedro. A cerimônia deve reunir meio milhão de fiéis, segundo a imprensa italiana, além de líderes mundiais como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o ucraniano Volodimir Zelensky e o ex-presidente americano Donald Trump. Já Vladimir Putin, presidente da Rússia, anunciou que não participará da cerimônia.
Na manhã desta quarta-feira (23), às 9h (4h de Brasília), o caixão com os restos mortais de Francisco foi trasladado da residência de Santa Marta até a Basílica de São Pedro. A missa fúnebre foi celebrada por autoridades eclesiásticas e, após a cerimônia, o corpo foi levado para seu local de descanso final.
Sepultamento e legado
Diferente de seus antecessores mais recentes, Francisco optou por ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. O túmulo será marcado por uma lápide simples, com apenas a inscrição “Franciscus”, seu nome papal em latim. O local foi escolhido pelo próprio Papa, refletindo o estilo discreto que marcou seu pontificado.
O corpo do primeiro Papa das Américas será enterrado a cerca de 11 mil quilômetros de seu bairro de origem, Flores, em Buenos Aires. A despedida solene marca o fim de um papado que rompeu tradições, se aproximou dos marginalizados e abriu novos caminhos para a Igreja Católica.