
Sobrinho do papa depende de doações para viajar ao funeral no Vaticano
"Não sabia como faria para me despedir do meu tio. Estava sem dinheiro, mas recebi uma ajuda de um benfeitor. Estou indo representar toda a família"


O argentino José Narvaja, 58, sobrinho do Papa Francisco, conseguiu viajar a Roma para participar do funeral do tio somente após receber uma doação anônima. Enfrentando dificuldades financeiras, Narvaja relatou à imprensa de Mendoza, na Argentina, onde vive, que não teria como arcar com os custos da viagem e da estadia na capital italiana.
“É uma tristeza muito grande. Não sabia como faria para me despedir do meu tio. Estava sem dinheiro, mas recebi uma ajuda de um benfeitor. Estou indo representar toda a família”, disse Narvaja antes do embarque. Segundo ele, a família do pontífice vive de maneira simples na Argentina, distante da opulência dos palácios do Vaticano.
José, que é filho de Maria Elena Bergoglio, única irmã viva do papa até sua morte em 2019, viajou na condição de representante dos familiares do religioso. Ele reiterou que nunca se beneficiaram da posição de Francisco. “Meu tio sempre pediu que ficássemos longe das câmeras, do poder”, contou.
As passagens de ida e volta foram doadas pela proprietária de uma agência de turismo da cidade do sobrinho do papa. Ela disse ter ficado comovida após assistir a uma entrevista de José, que é enfermeiro. Outras pessoas também se sensibilizaram e fizeram depósitos em uma conta bancária para cobrir as despesas em Roma.
O corpo do papa está sendo velado na Basílica de São Pedro, onde multidões prestam homenagens de forma silenciosa e respeitosa.
O clima no Vaticano é de consternação, com fiéis aguardando por horas na Praça de São Pedro para dar adeus ao líder da Igreja Católica, responsável por mais de uma década de papado marcado pelo apelo à fraternidade e justiça social.
Ritos finais do funeral do papa
Nesta sexta-feira (24), o caixão será fechado em cerimônia restrita a cardeais, familiares e membros da cúria. Espera-se um momento de recolhimento em oração e cânticos litúrgicos, evocando a tradição católica dos últimos ritos.
No sábado (25), acontecerá a missa de exéquias, prevista para as 10h (horário local), presidida pelo decano do Colégio dos Cardeais, Giovanni Battista Re.
Líderes políticos e religiosos de todo o mundo, incluindo chefes de Estado e representantes de diferentes credos, já confirmaram presença. Após a missa, o cortejo acompanhará o caixão até a cripta sob a Basílica de São Pedro, local de descanso definitivo de Francisco, ao lado de outros papas.
A expectativa é de que milhares de pessoas participem das cerimônias, em um dos funerais mais significativos da história recente da Igreja Católica.