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Esquema de corrupção no INSS: saiba se você é vítima e como reaver dinheiro

'OBemdito' explica em detalhes o que é o esquema e mostra como você pode saber se foi vítima dele, bem como o caminho legal para ter seu dinheiro de volta

(FOTO: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL)
Esquema de corrupção no INSS: saiba se você é vítima e como reaver dinheiro
Leonardo Revesso - OBemdito
Publicado em 1 de maio de 2025 às 20h16 - Modificado em 2 de maio de 2025 às 13h32

O esquema de corrupção no INSS abalou o cotidiano de milhares de aposentados em todo o Brasil, ao desviar quantias milionárias que deveriam ir para os beneficiários. Revelado por investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a artimanha envolveu servidores, intermediários e laranjas, impactando especialmente idosos em situação vulnerável.

A seguir, OBemdito explica em detalhes como funcionou o esquema criminoso, quem foi prejudicado, quem se beneficiou, como identificar possíveis prejuízos e como evitar cair no chamado “golpe do golpe”, que promete recuperar dinheiro, mas aprofunda ainda mais o prejuízo das vítimas.

O que é o esquema de corrupção no INSS?

O esquema de corrupção no INSS consistiu em uma associação criminosa formada por agentes públicos, servidores terceirizados e intermediários externos para manipular processos de concessão, revisão e manutenção de aposentadorias e pensões.

O objetivo era desviar parte dos valores dos benefícios, por meio de fraudes em informações no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), uso de contribuições fictícias, alterações indevidas de idade e tempo de serviço, além de descontos irregulares nos pagamentos mensais dos beneficiários.

Conforme apurado pelas autoridades, o esquema de corrupção no INSS operava principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste, contando tanto com funcionários concursados quanto terceirizados do instituto, além de advogados e despachantes que captavam vítimas e falsificavam documentos.

O uso de tecnologia dos próprios sistemas internos do INSS facilitada pelos servidores era um dos diferenciais que dificultava a detecção das fraudes.

Como funcionava o esquema de corrupção no INSS

O funcionamento do esquema de corrupção no INSS se dava em várias etapas interligadas, envolvendo captadores de vítimas, servidores corrompidos, laranjas e processos de lavagem de dinheiro.

  1. Captação das vítimas

Advogados, despachantes e intermediários buscavam idosos com pouca instrução tecnológica, prometendo facilidades para concessão ou aumento de valores de aposentadorias. Em outros casos, aposentados tinham seus dados manipulados sem consentimento, vítimas silenciosas do processo criminoso.

  1. Fraudes e manipulação de dados

Servidores no centro do esquema de corrupção no INSS acessavam sistemas internos para inserir tempo falso de contribuição, alterar dados pessoais e até aprovar solicitações de revisão indevidas, sempre visando ampliar os valores concedidos e, assim, aumentar o montante possível de desvio.

  1. Desvio e lavagem de dinheiro

O valor desviado chegava a contas de laranjas, criadas com documentação fraudada, ou era direcionado para supostos descontos legais em favor de associações ou escritórios inexistentes. Depois, os recursos circulavam entre diversas contas, empresas fantasmas e até ativos no exterior, dificultando o rastreamento e a recuperação do patrimônio desviado.

Imagem Gerada 9

Quem são os prejudicados pelo esquema de corrupção no INSS?

As principais vítimas do esquema de corrupção no INSS são os aposentados e pensionistas que tiveram benefícios reduzidos ou pagamentos desviados parcial ou totalmente.

Muitos só descobrem o golpe ao perceber descontos estranhos na folha de pagamento, recebimentos inferiores ao esperado ou ao serem notificados de revisões não solicitadas.

Além das vítimas individuais, o prejuízo afeta a sociedade brasileira como um todo: a evasão de recursos públicos pressiona ainda mais o orçamento da previdência social, prejudicando atuais e futuros beneficiários.

Quem se beneficiou do esquema criminoso?

Os principais beneficiários do esquema de corrupção no INSS foram integrantes da quadrilha formada por servidores corrompidos, intermediários e empresários, além dos chamados laranjas — muitas vezes recrutados para movimentar o dinheiro sem saber a origem criminosa.

Investigações da Polícia Federal apontam que, só em operações recentes, cerca de R$ 30 milhões foram desviados em poucos meses, irrigando o bolso dos fraudadores em detrimento dos segurados legítimos.

Como saber se foi lesado pelo esquema de corrupção no INSS

Para saber se você foi vítima do esquema de corrupção no INSS, basta seguir alguns passos simples de verificação. O primeiro deles é acessar o extrato detalhado de pagamentos disponível no site ou aplicativo Meu INSS. Nesses sistemas, é possível conferer:

  • O valor correto do benefício;
  • A existência de descontos não autorizados;
  • Mudanças de dados cadastrais ou de valores de contribuição.

Entre os principais indícios de prejuízo pelo esquema de corrupção no INSS estão reduções inesperadas no valor recebido, descontos de associações ou sindicatos desconhecidos, e dados divergentes entre o extrato do INSS e o histórico do trabalhador.

Desconfie também se for comunicado sobre revisões ou suspensões sem ter solicitado nenhum pedido ao órgão.

Se houver suspeita, reúna todos os documentos, registre Boletim de Ocorrência e procure orientação diretamente no INSS – presencialmente, via internet ou ligação telefônica pelo 135.

Caso o problema não se resolva administrativamente, é indicado buscar apoio da Defensoria Pública da União ou de advogado de confiança.

Como recuperar o dinheiro perdido

Se você foi lesado pelo esquema de corrupção no INSS, é possível recuperar os valores desviados. O caminho inclui:

  • Solicitação de revisão administrativa: formalize um pedido no próprio INSS apresentando extratos bancários, comprovantes do benefício e identificação dos descontos irregulares.
  • Boletim de Ocorrência: registre o caso em uma delegacia, juntando toda documentação.
  • Apoio jurídico: busque a Defensoria Pública ou advogado especializado em Direito Previdenciário. O serviço pode ser gratuito pelo Estado.
  • Acompanhe os protocolos: guarde todos os números de protocolo, comunicados e cópias de documentos enviados.

Lembre-se: em nenhuma hipótese é necessário pagar valores antecipados para resolver o caso junto ao órgão público.

Atenção ao “golpe do golpe”: criminosos se passam por intermediários para aplicar nova fraude

Com a exposição do esquema de corrupção no INSS, criminosos agora ligam para aposentados se passando por advogados, servidores ou funcionários do órgão, prometendo recuperar valores e cobrando taxas, custas judiciais ou depósitos para “liberar o dinheiro”. Trata-se do chamado “golpe do golpe”.

O alerta das autoridades é claro: NUNCA pague nenhum valor antecipado a desconhecidos para recuperar dinheiro do INSS. Órgãos públicos e profissionais sérios não solicitam depósitos para iniciar qualquer atendimento. Qualquer depósito solicitado é sinal de fraude.

Desconfie caso receba ligações dizendo que seu processo está parado e só será desbloqueado com pagamento. Procure sempre checar as informações diretamente junto ao INSS ou a um advogado qualificado.

Em resumo, o esquema de corrupção no INSS mostrou a importância de acompanhamento rigoroso das informações do benefício e o cuidado com dados pessoais, principalmente entre aposentados e pensionistas. O prejuízo é duplo: afeta financeiramente as vítimas diretas e mina a confiança no sistema previdenciário brasileiro. Informação, atenção e busca de canais oficiais são as melhores defesas.

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