
Polícia investiga homem por abuso sexual de mais de 700 crianças e adolescentes
A prisão aconteceu após uma denúncia de estupro feita por uma meninas de 13 anos que frequentava aulas de muay thai com o suspeito


A Polícia Civil do Rio Grande do Sul revelou nesta sexta-feira (2) detalhes de um caso que já está sendo considerado um dos mais graves da história recente da corporação. Um homem de 36 anos, preso em flagrante em janeiro na cidade de Taquara, é apontado como o maior predador sexual já identificado no estado. Segundo as autoridades, já foram identificadas 158 vítimas e o homem pode ter abusado sexualmente de mais de 700 crianças e adolescentes, ao longo de 16 anos.
A prisão aconteceu após uma denúncia de estupro feita por uma meninas de 13 anos que frequentava aulas de muay thai com o suspeito. Durante a investigação, a polícia encontrou um vasto acervo de pornografia infantil na posse dele: mais de 750 pastas digitais com arquivos organizados com o nome das vítimas. Os crimes envolvem não apenas estupro, mas também a produção, direção e armazenamento de pornografia envolvendo menores de idade.
“É um caso nunca visto pela polícia e pelos peritos do IGP, pela tamanha organização e materialidade dos crimes”, afirmou o delegado Valeriano Garcia, responsável pelas investigações.
Abordagem e manipulação
De acordo com a investigação, o acusado adotava uma estratégia meticulosa e repetitiva para atrair suas vítimas. Ele criava perfis falsos no Instagram, se passando por uma menina para estabelecer contato com outras meninas. Aos poucos, ganhava a confiança delas e, em seguida, passava a pedir fotos nuas.
“Com o passar do tempo, o suspeito pedia mais fotos, cada vez mais íntimas, orientando as meninas sobre a forma como queria tais fotos, inclusive do rosto”, informou a Polícia Civil.
Depois que as vítimas começavam a recusar as exigências, ele passava a ameaçá-las. Dizia que divulgaria as imagens nas redes sociais caso não continuassem enviando novos conteúdos ou se não aceitassem encontrá-lo pessoalmente.
Esses encontros, segundo a polícia, ocorriam frequentemente na casa do próprio suspeito ou na loja de aquários de peixes exóticos que ele mantinha em Taquara. O local, que também recebia excursões escolares, teria sido palco de algumas das abordagens feitas por ele.
Atuação em diferentes contextos
O suspeito também usava outros ambientes para se aproximar das vítimas. Aulas de música e de artes marciais eram espaços que ele aproveitava para fazer contatos e investidas. A menina que motivou sua prisão o conheceu justamente em uma dessas aulas.
A Polícia Civil informou ainda que há vítimas em outros estados do Brasil, como Santa Catarina, Paraná, Acre e Mato Grosso. Até agora, 158 crianças e adolescentes já foram identificadas como vítimas diretas de abuso sexual, mas os investigadores acreditam que esse número pode ultrapassar as 700.
Todas as vítimas identificadas até o momento serão chamadas para prestar depoimento, o que deve se estender por meses, dada a complexidade e o volume de evidências.
Denuncie
Denúncias de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes podem ser feitas de forma gratuita pelo Disque 100, canal do governo federal, disponível também via WhatsApp (61) 99611-0100, site da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras), aplicativo Direitos Humanos Brasil e Telegram.
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