Rudson de Souza Publisher do OBemdito

PF pede para assumir investigação de indígena decapitado em Guaíra

Crime brutal foi acompanhado por carta com ameaças contra etnia Ava Guarani e a Força Nacional; Polícia Federal investiga conexões com grupos criminosos

Polícia Civil do Paraná atendeu inicialmente à ocorrência; carta com ameaças foi apreendida ao lado do corpo de Everton Lopes Rodrigues, de 23 anos
PF pede para assumir investigação de indígena decapitado em Guaíra
Rudson de Souza - OBemdito
Publicado em 15 de julho de 2025 às 08h28 - Modificado em 15 de julho de 2025 às 10h26

A Polícia Federal (PF) informou nesta segunda-feira (14) que instaurou uma investigação própria sobre o assassinato de Everton Lopes Rodrigues, indígena de 23 anos filho de Bernardo Rodrigues Diegro, cacique da Aldeia Yvyju Avary, ocorrido na madrugada do último sábado (12), na área rural conhecida como Água do Bugre, em Guaíra. O corpo foi encontrado decapitado, ao lado de uma carta com ameaças explícitas a lideranças indígenas e à Força Nacional de Segurança Pública.

Inicialmente, a ocorrência foi atendida pela Polícia Civil de Guaíra, que realizou perícia no local, apreendeu uma motocicleta e documentos que serão analisados. No entanto, a Delegacia da PF em Guaíra informou que acompanha as apurações e solicitou o declínio de atribuição da investigação do homicídio para a esfera federal, a fim de aprofundar apurações sobre possíveis conexões com organizações criminosas. O pedido ainda aguarda resposta da Polícia Civil.

“A Delegacia da Polícia Federal em Guaíra instaurou investigação policial federal com relação a outros fatos que podem, em tese, estar conexos ao homicídio”, diz nota da corporação. A PF reiterou o compromisso com a transparência e legalidade e afirmou que novos detalhes serão divulgados respeitando o sigilo das investigações.

A carta encontrada com o corpo foi assinada por um grupo que se autodenomina “Bonde 06 do N.C.S.O.” e faz referências ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O texto contém ameaças de ataques a ônibus com crianças, invasões a aldeias e incêndios com vítimas vivas, além de declarar que a Força Nacional será o “próximo alvo”.

O documento foi recolhido e encaminhado à perícia técnica. O crime elevou o alerta nas áreas indígenas de fronteira e reacendeu o debate sobre o aumento da violência contra defensores de direitos humanos. Atualmente, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), 19 lideranças Ava Guarani estão sob proteção oficial no Paraná.

“O ministério reitera seu compromisso em defender a vida, a dignidade e os direitos dos povos indígenas. Nenhuma ameaça silenciará a luta ancestral por justiça e território”, afirma a nota oficial do MDHC. A Força Nacional de Segurança Pública mantém presença na região, apoiando ações de proteção aos povos originários e à mediação de conflitos agrários.

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