
Produção de leite de cabra impulsiona renda de pequena propriedade rural de Umuarama
Rebanho com 11 fêmeas garante 90 litros por semana; tudo é vendido na feira, junto com ovo caipira, outro destaque do sítio


A tradicional feira de hortifrútis de Umuarama, das quartas, sextas e domingos, ganha um novo capítulo ao oferecer leite de cabra fresco. A novidade está no estande número 281, da produtora rural Ana Carolina Cunha.
Com muita dedicação [que começa de madrugada e segue até à noite], Ana Carolina e o marido Clóvis Takata Cunha estão iniciando o negócio cheios de confiança. Ela recebeu OBemdito para mostrar tudo o que produzem em uma chácara, situada na Estrada Jurupoca.
Para eles, tamanho não é documento quando se tem visão empreendedora. Proprietários de 3,6 hectares de terra, que formam a chácara São João, já comemoram a formação do plantel com 27 cabeças [de cruzamento das raças Saanen, Anglo-Nubiana e Toggenburg]: 11 fêmeas em fase de lactação e 16 filhotes.
Mãe de dois meninos, Ana Carolina conta que a motivação para o investimento em caprinocultura tem afeto envolvido: “Começamos com duas cabritas para ter leite para o nosso consumo; a intenção era apenas resolver um problema de saúde”.

Alternativa para tratar a saúde do filho
O problema de saúde a que se refere é a rinite, que acometia um dos filhos. “Ele tinha uma rinite braba! E amava leite de vaca, mas por recomendação médica tinha que parar de tomar… Foi quando pensamos no leite de cabra… Procurei em Umuarama e não encontrei… O jeito foi comprar a cabra”, diz, rindo.
O capítulo seguinte foi revelador: a família toda aderiu ao leite de cabra, que, segundo Ana Carolina, é “bem mais suave que o leite de vaca e, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não tem cheiro forte, porque não tem reprodutor no plantel”.
Dos cerca de 90 litros que o rebanho produz por semana, uma parte é vendida engarrafada [30%] e a outra é usada para fazer queijo, kefir [bebida láctea fermentada] e, às vezes, doce de leite. “Tudo delicioso!”, garante a produtora.

Leite de cabra e ovos caipiras, produtos premium
Enquanto a produção de leite de cabra vai ganhando força, a Chácara São João mantém na linha de frente a criação de ‘galinha feliz’. A expressão se refere à galinha criada solta [sistema cage free ou, traduzindo, livre de gaiolas].
São 350 aves poedeiras de raça adaptada ao sistema caipira, que geram, por mês, cerca de 8,4 mil ovos. “O ovo é o carro-chefe do sítio… Vendo tudo na feira; tenho meus clientes já fidelizados”, orgulha-se Ana Carolina, que criou uma marca para eles: Merilu.
Além de um galinheiro confortável para a noite, as galinhas dispõem de um terreno enorme para circular e ciscar à vontade. “Durante todo o dia elas andam, correm, tomam sol, ficam livres, ou seja, vivem de um modo bem natural”, enfatiza.
“Nós começamos a criar galinhas poedeiras em 2021 e, de lá para cá, só tivemos resultados positivos… Os ovos caipiras Merilu, das gemas beeem alaranjadas, foram e são um grande acerto!”, exclama a produtora, que tem formação em Química.

Zero veneno!
Além do leite de cabra e dos ovos caipiras, o casal produz frutas [conta com 350 pés de banana maçã e 20 de mamão] e algumas verduras em estufa. “A diversificação é importante numa pequena propriedade”, observa Ana Carolina.
Como o sítio está localizado na APA (Área de Preservação Ambiental) do Rio Piava [que abastece de água o município de Umuarama], tudo nele é produzido com bioinsumos. “Há mais de cinco anos não entra veneno aqui”, assegura.
Ela conta que a estufa foi doada pelo Fundo Municipal do Meio Ambiente de Umuarama. É um incentivo para produção com ‘zero agrotóxico’ ou ‘zero uso’ de adubo derivado do petróleo, em sistema bem equilibrado e sustentável.
A doação faz parte de um projeto piloto desenvolvido por vários órgãos estatais. Entre eles o IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural) e o Programa Municipal de Apoio à Agricultura Familiar da Prefeitura de Umuarama.

Trabalho reconhecido e premiado
Ela tem prêmio no currículo. Pelo seu timbre arrojado, Ana Carolina foi contemplada com o troféu ‘Mulheres que fazem’ durante o 22º Encontro de Mulheres Trabalhadoras Rurais, na Expo Umuarama deste ano.
A indicação foi do IDR-Paraná, que considerou como inovador o investimento na produção de ovos caipiras e na criação da marca Merilu, além de reconhecer e valorizar seu protagonismo no agronegócio.
“Nosso sítio acabou se tornando um exemplo de que é possível viver bem da agricultura familiar, quando se cultiva mais que alimento… Nós cultivamos também um propósito, o de prosperar com pouca terra, usando os recursos com inteligência para alcançar renda acima da média, sempre com olhos voltados para novos nichos de mercado”, atesta Ana Carolina.
== Saiba mais pelo whatsapp 44 9 8807-5790 ou pelo Instagram – @merilu_ovos_caipira/












