Rudson de Souza Publisher do OBemdito

Icaraíma em pânico com sumiços: ‘agora ninguém se sente seguro’

Polícia investiga possível homicídio; moradores dizem que famílias envolvidas eram tranquilas

Desde o desaparecimento, a rotina da população de Icaraíma foi alterada com a presença constante de equipes da Polícia Civil e Militar nas ruas e bairros da cidade (Foto Danilo Martins/OBemdito)
Icaraíma em pânico com sumiços: ‘agora ninguém se sente seguro’
Rudson de Souza - OBemdito
Publicado em 15 de agosto de 2025 às 10h30 - Modificado em 16 de agosto de 2025 às 18h17

O desaparecimento de quatro homens em Icaraíma completa nove dias e provoca espanto e insegurança entre os 7.786 moradores. A cidade, acostumada a uma rotina pacata, vive agora sob o impacto de um caso que, segundo a própria população, “não combina com o perfil das famílias envolvidas”.

A Polícia Civil investiga o sumiço do produtor rural Alencar Gonçalves de Souza e dos paulistas Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso. O trio teria ido a Icaraíma para cobrar uma dívida de R$ 250 mil de Antônio Buscariollo, e de seu filho Paulo Ricardo Costa Buscariollo, ambos foragidos desde que tiveram prisão preventiva decretada.

A principal linha de investigação é de homicídio, mas até o momento não há confirmação sobre o paradeiro das vítimas.

Famílias tranquilas

Moradores ouvidos pelo OBemdito afirmam que tanto a família de Alencar quanto os Buscariollo sempre tiveram boa relação com a comunidade. “As famílias se conheciam como qualquer outra da cidade. Nunca houve histórico de confusão ou crimes graves”, disse um comerciante, que pediu para não ser identificado, assim como outros ouvidos pela reportagem pelas ruas e comércios onde o silêncio sobre o caso é a tônica.

Para muitos, o choque é maior porque Icaraíma é considerada uma cidade segura, onde “todos sabem da vida de todos” e casos de violência grave são raros. “A gente fica com medo porque, se aconteceu com eles, pode acontecer com qualquer um”, afirmou uma moradora da área central.

O dia do desaparecimento

Segundo a investigação, no dia 5 de agosto os cobradores teriam ido até a casa de Alencar antes de seguir para um encontro com os devedores. Depois desse momento, ele não fez mais contato com a família.

Na véspera, o grupo já teria se reunido com os suspeitos. Após o desaparecimento, buscas envolveram aeronaves, cães farejadores, sonar para varredura nos rios Paraná e Ivaí e varreduras em pontos estratégicos, entre eles, o pesqueiro da família Buscariollo, onde um dos cães detectou odor de Alencar.

Dor e silêncio

A família de Alencar afirma que não sabia que ele havia contratado os cobradores. “O pecado do Alencar foi confiar demais”, disse um parente, descrevendo-o como homem pacato e dedicado ao trabalho rural.

O pai, de 67 anos, que vive na mesma propriedade simples e bem cuidada, sofre com a ausência. “Ele não quer mais saber de dinheiro nem de propriedade. Quer só o filho de volta”, contou o familiar.

Amigos e ex-patrões descrevem Alencar como trabalhador habilidoso, principalmente na instalação de cercas e mangueiras para gado. A esposa, segundo conhecidos, passa horas sentada na varanda, como se esperasse vê-lo voltar pela estrada de terra.

Boatos e frustrações

O delegado Gabriel Menezes, chefe da 7ª Subdivisão de Polícia Civil de Umuarama, diz que várias pistas foram checadas, incluindo a suspeita de que os corpos estariam em um bunker usado por contrabandistas. “Todos os locais apontados foram vistoriados e nada foi encontrado”, afirmou.

Menezes pede cautela na divulgação de informações para evitar desperdício de recursos públicos e reforça que qualquer pista séria pode ser repassada à polícia.

Enquanto isso, o clima na cidade é de apreensão. “A gente nunca imaginou viver um negócio desses aqui. Agora todo mundo desconfia de todo mundo”, relatou uma moradora, olhando em volta antes de se despedir rapidamente.

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