
Delegada detalha assassinato e ataque a facadas cometido por ex em Mariluz
Suspeito de 63 anos confessou o crime, de acordo com a delegada Maria Julia Gonçalves


A Polícia Militar prendeu em flagrante, na madrugada deste sábado, 23, um homem de 63 anos suspeito de homicídio e tentativa de feminicídio em Mariluz, no Noroeste do Paraná. O ataque deixou um homem morto, de 31 anos, e uma mulher de 46 anos, ex-companheira do agressor, ferida a golpes de faca.
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito invadiu a residência das vítimas, na área central da cidade, por volta das 3h. Ele desferiu golpes contra o casal. O homem não resistiu e morreu no local, enquanto a mulher foi socorrida em estado estável e transferida para um hospital de maior complexidade em Umuarama.
Em nota divulgada no fim da manhã, a delegada Maria Julia Gonçalves, que responde interinamente pela Delegacia de Cruzeiro do Oeste, informou que o agressor confessou o crime em interrogatório. Segundo as primeiras investigações, a motivação estaria relacionada à não aceitação do término da relação conjugal e do novo relacionamento da ex-companheira.
O suspeito já respondia a processo criminal em Cruzeiro do Oeste por lesão corporal, vias de fato e ameaça, também em contexto de violência doméstica contra a mesma vítima, em 2023. Não havia medidas protetivas em vigor. O homem foi encaminhado à Cadeia Pública de Umuarama, onde permanece à disposição da Justiça.
A Polícia Civil segue investigando o caso.
Violência contra a mulher
A violência contra a mulher é uma chaga social profundamente enraizada, manifestação extrema de uma histórica desigualdade de gênero que estrutura as relações em nossa sociedade.
Ela não se restringe a agressões físicas, que deixam marcas visíveis, mas abrange um espectro cruel que inclui a violência psicológica, o assédio moral, a coação econômica, a violência sexual e o feminicídio, seu desfecho mais brutal e final.
Essas agressões raramente são atos isolados ou impulsivos; frequentemente, fazem parte de um ciclo vicioso de poder e controle, que se inicia com ameaças, intimidação e humilhação, escalando de forma previsível e perigosa.
O ambiente doméstico, que deveria ser um local de segurança, transforma-se, para muitas mulheres, em um campo de batalha silencioso, onde o agressor é, contraditoriamente, alguém em quem elas deveriam poder confiar: um companheiro, um ex-parceiro ou um familiar.
A aplicação rigorosa de leis protetivas, como a Lei Maria da Penha, e a garantia de que o sistema de justiça e acolhimento funcione de forma ágil e humanizada são passos fundamentais para quebrar esse ciclo e oferecer a todas as mulheres o direito fundamental a uma vida livre de violência.